domingo, 19 de julho de 2009

Hoje pus-me bonita...para mim.

Sexta-feira dia 17-07-09
Hoje pus-me bonita…para mim.
Levantei-me da cama assim que o telemóvel marcava no visor 8.45h. Vesti umas calças de fato de treino, uma camisola de manga curta e lá fui para o meu vício saudável…o ginásio. Fiz um aquecimento na passadeira, e depois…depois aula de Jump! Jump é uma aula com um gasto calórico alto, os movimentos são bastantes dinâmicos em cima dum mini-trampolim. È a aula perfeita para aumentar a resistência, a força muscular e tonificar os membros inferiores, é mais ou menos isto que acontece nestas super aulas. Também gosto do BodyCombat, consiste num programa adequado para todo o corpo. A combinação de movimentos de braços e pernas fortalece e tonifica o corpo, ao mesmo tempo que queima aquelas calorias a mais, além de melhorar a parte cardiovascular, postura, agilidade e flexibilidade. È uma actividade que nos dá a sensação de poder…o melhor para o stress e afastar temporariamente problemas, (é mais ou menos esta a explicação que os professores dão). Mas hoje a aula foi Jump.
No final… alongamentos! Uma parte que sabe sempre bem…
Depois de estar extremamente relaxada…balneoterapia. Um compartimento que nos leva para outros mundos. Tenho á minha espera um banho turco, lá dentro um aroma a eucalipto. Durante quinze minutos inalo este ar intenso, pelo corpo percorrem gotas de água sadias. Saio e espojo-me sempre num dos cadeirões, os ouvidos desfrutam da música de fundo, a mente desapegasse do mundo das rotinas e dos compromissos. Quase que adormeço…
Ofereço ao corpo mais dez minutos de sauna. No final, pego em mim e vou para o chuveiro, alterno um duche com água fria e morna. Espera-me o jacuzzi…delicio-me naquela “banheira” com jactos que massajam este corpo de metro e meio. Relaxo e volto ao assento onde quase se pode adormecer. Mas não posso dormir…são 11.40h.
Vou tomar o meu banho final. Durante 10 minutos o chuveiro não se cansa de embater em mim…mas é hora de me preparar. Passo o creme anti-rugas e reafirmante numa pele já meio envelhecida…estou pronta para enfrentar mais um dia. Saio do parque de estacionamento com destino ao trabalho, mas…mas altero o trajecto …vou pintar o cabelo. Os brancos reluzem muito…vou ter que lhes “tirar” esta luminosidade toda e dar mais brilho aos outros. Humm…gosto desta cor, minto-me pensando que aparento ter menos 5 ou 6 anos…os olhos discordam e da boca sai um sorriso meio envergonhado. Não discutimos e aceitamos a opinião do pensamento. Pareço mais nova!
O trajecto para o trabalho foi excluído. Decidi fazer uma massagem facial…a pele ficou macia e brilhante…como os antigos cabelos brancos!!! “Quantos anos tenho a menos agora”? Murmurei ao meu pensamento? Não obtive resposta, depreendi que ficou sem palavras…
Hoje pus-me bonita…para mim.
Cheguei a casa, escrevi um pensamento no Messenger e no h5, telefonei ás pessoas indispensáveis da minha vida, enviei mensagens a outras.
Vesti a roupa que mais gostava, coloquei um pouco de base… há, claro, estiquei bem as pestanas com o magnifico rímel da Oriflame. Sai, sorri mais que o habitual, pensei nos problemas…dei-lhes a devida atenção arranjando soluções, pensei mais em mim que nos outros, tomei um café curto, fumei um cigarro….sim, sei que não combina com o que faço todas as manhãs!!! Parei em mais passadeiras para dar passagem aos peões, e conduzi até á empresa com um único objectivo… vender! Vendi 5 serviços! Coincidências?! Não sei se existem…mas que hoje pus-me bonita para mim…pus!


Tila de Oliveira

terça-feira, 14 de julho de 2009

Sem titulo...

Hoje fui a um passado longínquo…estavas lá tu.
Sentei-me e revi fotografias quase sem cor. Recordei contigo dias que ultrapassavam noites sem darmos por isso…
Fui á gaveta das minhas lembranças e li todas as tuas cartas…
Fiquei triste por saber que foste para o tal lugar sem nome…hoje conseguiste banir de mim sorrisos. Culpei-me por não te procurar, por não ter ido visitar-te nesse lugar frio com muros que dividem um mundo de outro. Atrás dessas grades, provavelmente sentiste o desapego de muita gente, a ausência de afectos…e que tanto gostavas. Os anos que estiveste nesse cubículo, não te levaram á recuperação ou ao afastamento dessas substâncias estúpidas. Nesse lugar, deixaste de saber sonhar com um mundo cá fora, conseguiste que a morte superasse a vida… a tua vida.
Lembro com carinho o teu olhar! Sentia-me sempre protegida quando estavas comigo…nada sucedia de mal.
Sempre caminhaste no limite da vida, até que ela te atraiçoou… lamento tanto a tua partida João…tanto.
Apetece-me chamar-te nomes horrendos, mas a única coisa que me ocorre é a palavra…amigo. De ti, só posso recordar essa grande cumplicidade e afecto mútuo.
Hoje…hoje queria um charro feito por ti… queria que me dissesses novamente como se fuma …e, queria dizer-te o que sentia. Depois disto, ouvir as tuas e as minhas gargalhadas, beber vodka na Donald, passar horas a conversar no IT, juntarmo-nos aos nossos 330 amigos mas que se resumiam na verdade a dois ou três …e acabarmos no bar habitual até de manhã.
Hoje queria que fosse assim novamente…porque se assim fosse, estarias ainda aqui.
Vivias num mundo onde eu não queria viver, mas de vez em quando entrava nele e acompanhava-te. Alguns actos menos próprios alinhei contigo…outros recusava, porque gostava mais de mim. Era sempre só essa vez…e a seguir a essa vinha mais uma, outra e outra… até que, já não existem mais vezes.
O teu vício levou-te para espaços onde a saída era minúscula, conseguiste a proeza de morrer com todas as doenças que advém dele. De que cor foi o teu céu antes de partires? Seria colorido como o das vezes em que era “só mais esta vez”?! Acho que sempre foi cinzento João…e nunca multicolor.
Vou-te recordar, até ao momento em que não havia essa famosa frase irritante ”só desta vez apenas”, esse é o tempo que quero lembrar-te. Um João sem vícios!
Estejas onde estiveres…um beijo.

Tila de Oliveira

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Pensamentos...



Pensamentos…

Há pensamentos que nos faz reflectir bastante. Eles são, a expressão perfeita para presentear alguém, ou até a nós mesmos.
Podem ser o despertar para um mundo real ou a dica exemplar para nos resguardar dos outros.
Eis alguns pensamentos, que nos deixam a pensar:

- "Há amigos que levam à ruína e há amigos mais queridos do que um irmão".(Livro dos Provérbios 18,24)
- "Dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros. É a única".(Albert Schweitzer)
-"O mentiroso faz dois esforços: mentir e segurar a mentira".(Júlio Camargo)
-"Todos os homens que não têm nada de importante para dizer falam aos gritos".(Jardiel Poncela)
-"As palavras que não são acompanhadas por factos não servem para nada".(Demóstenes)
-"Há três tipos de pessoas: as que fazem, as que vêem fazer, e as que perguntam o que aconteceu".(John Newborn)
-"A pessoa justa não é a que não comete nenhuma injustiça, mas a que, podendo ser injusta, não o que ser".(Menandro)
-"Faça o que fizer, a mulher tem de o fazer duas vezes melhor do que o homem, para que se lhe dê igual valor. Ainda bem que não é difícil".(Charlotte Whitto)
-“Não acredites nem nos que pedem emprestado, nem nos que emprestam; porque muitas vezes, perde-se o dinheiro e o amigo...e o empréstimo”.
-"A consciência é o melhor livro de moral e o que menos se consulta".(Pascal)
-"Todas as misérias verdadeiras são interiores e causadas por nós mesmos. Erradamente julgamos que elas vêm de fora, mas nós é que as formamos dentro de nós, com a nossa substância".(Anatole France)


Tila de oliveira

domingo, 21 de junho de 2009

Velhos...


Velhos…

Quem são e de que são feitos?
Chamamos velhos, àqueles que criaram filhos e muitos com poucas possibilidades, aos que cuidaram dos netos para amenizar um pouco a vida dos pais destes. Designamos de velhos, àqueles que a vida foi madrasta, mas que, mesmo assim transmitiram aos descendentes normas de conduta exemplares.
Os velhos, são esses indivíduos que deambulam no mesmo planeta que nós! Trazem consigo olhares vagos, histórias singulares e autênticas. Muitos, nem sabem a idade…porque a memória os traiu! Mas o caminho que percorreram deve ficar na lembrança daqueles que os viram envelhecer.
Aos nossos velhos incumbe-nos dar-lhes atenção e respeito, a experiência deles não vem em enciclopédias, a maneira incomparável de amarem não se aprende nas escolas. Mas infelizmente, muitos seres têm a arte de os desprezar e observá-los com olhos invisíveis.
Quantos velhos se aperceberam que estavam vivos próximo do desfecho das suas vidas? A muitos, a vida não lhes deu tempo para usufruírem da infância, a outros ocultaram-lhes a passagem pela adolescência. Muitos aperceberam-se da velhice, no instante em que as suas mãos deslizavam num semblante rugoso…
Cada ruga soma uma batalha ou um sofrimento acrescido do habitual. Estes seres com décadas em cima, vemo-los muitas vezes nos bancos de jardim em monólogos constantes. Esperam um sorriso, um olhar compassivo ou um aceno mesmo que envergonhado. Devemos-lhes mais que aquilo que concedemos.
Carregam na alma humildade desmedida, transportam nas palavras melodias aprazíveis aos nossos ouvidos, suportam no olhar uma vida sem limites e despido de vontades próprias. E as mãos…as mãos ainda que trémulas, conseguem demolir com gestos subtis a mágoa que sentem ao ouvir chamar-lhes …de velhos.
Valorizá-los é uma sentença que lhes assiste, faze-los sentir indispensáveis é uma de muitas formas de evidenciar o nosso gostar ilimitado e sem tamanho. Estes “semideuses” amam e nada mendigam em troca.
De que são feitas estas pessoas?!
A idade deles, é brutalmente punida por muitos indivíduos que vasculham enciclopédias e estudam em escolas. Muitos ignoram a essência destes seres sublimes. A terceira idade não tem de ser olhada com compaixão, mas sim presenteada com o sentimento mais nobre que existe… gratidão. Eles são protagonistas de vivências notáveis e omitir a existência deles, é abolir um pouco a nossa história. As mãos que ajudaram a darmos os primeiros passos existem, e no meio de tanta fragilidade ainda estão aptas para nos amparar. Os olhos que nos seguiam atentamente, assim como o corpo que nos protegeu nestes anos todos, subsistem com a mesma intensidade.
Não seria mais correcto chamar a estes velhos de heróis?!
Heróis por terem sobrevivido a tantas vicissitudes da vida, por terem que lutar pelos outros esquecendo-se deles próprios!?
A isto eu denomino de heróis. Os nossos …heróis.
A eles deixo esta mensagem: “Não deixem que ninguém vos humilhe sem a vossa autorização”.
Aos que rejeitam estas pessoas, relembro este pensamento: “As mãos dos velhos nunca vão ser como as nossas…mas as nossas, um dia vão ser como as deles”!
Pensem nisto.

Tila de Oliveira

sábado, 13 de junho de 2009

Uma carta para Deus...


Uma carta para Deus!
Porque não?
Olá. Espero que esta carta te vá encontrar bem de saúde, que eu, graças a ti estou bem!
Apelidam-te de diversas formas, eu evoco-te sempre com: “meu Deus”. Nunca te vi, mas acredito que existes e evidencias-te de variadíssimas maneiras. Nunca ouvi a tua voz, mas sinto-a em tudo o que é belo…
Uns acreditam em ti, outros não…e ainda há quem tenha vergonha de o admitir.
Penso que todos crêem em algo, se assim não fosse, quando muita coisa menos boa ocorre, não chamaríamos por ti. Milagres não existem, mas cremos por um, principalmente, quando o homem dá o último testemunho em relação a algum ser que está prestes a agonizar.
Sempre tive grandes “conversas” contigo, desde que me conheço como ser pensante que o faço. Já tivemos diálogos a correr bem, outros…virava-te costas simplesmente. E quando voltava, sentia que nunca tinhas saído dali…sempre me vigiaste.
O facto de te sentir próximo, aquieta os meus medos. Imagino-me de mão dada contigo desde o primeiro minuto de vida, mas também, tenho a percepção que serei conduzida por essa mesma mão, no dia que embarcar na tal viagem sem volta.
Das perguntas que te faço, nunca obtenho resposta na hora… encontro-as sim, mais tarde em vitórias, derrotas, surpresas ou em sinais benignos vindos de pessoas singulares…tudo se encaixa duma forma sem explicação, mas que tem sentido. Esta é a forma única de comunicares, que eu entendo…e á minha maneira.
Connosco, não há dicionários para traduzir pensamentos cristalinos ou imperfeitos, não são necessários intérpretes para dar interpretação a idiomas…porque as palavras são absorvidas pela mente e trasladados a ti por telas soberbas. A malícia não é julgada por ti, mas sim debatida. Os erros não são apontados, mas sim lembrados. O pecado…o pecado, é apenas uma transgressão e que é redimido ou não por nós próprios. A maior sentença é aquela que é dado por nós…Deus não pune, absolve.
Enquanto que o ser humano olha o exterior, tu contemplas o meu âmago. Avistas com os meus olhos, lugares que ficaram vazios dentro de mim, importas saudade no tempo devido, levas a tristeza quando está excessivamente intrínseca na alma…mas fazes tudo subtilmente, sem dar conta, sem quereres enaltecimentos ou medalhas…porque essas, quer o ser humano.
Quantas vezes calas a minha voz!? É nessa mudez, que engulo palavras embebidas em lágrimas, e nesse intervalo de embriaguez provocado por desequilíbrios emocionais, fujo no teu olhar inventado por mim. Nestas viagens perco-te o rasto, mas nunca te sinto ausente e adquiro a paz que preciso diariamente.
Às vezes pareces-me velho, com barbas brancas e enormes, onde seguras com firmeza um cajado, e com vestias brancas escondes esse corpo sem altura definida ou idade precisa. Imagino-te sentado, sem pensamentos estudados, um autêntico eremita sob um céu branco…
Mas, há dias que te vejo como um puto, desprovido de malícia, carregado de sonhos sobre os ombros, á procura de quem te queira ouvir. Sinto, que esta seja a tua labuta diária, quereres que te ouçam, e se calhar, se pararmos para te ouvirmos, os sonhos seriam mais acessíveis de se alcançar, as tristezas mais fáceis de administrar, os desencantos mais simples de os transpor, as perdas mais capazes de digerir.
Muitos dos teus dias, devem ser vividos com aparatosas gargalhadas sonantes, provenientes destas nossas inquietudes ineptas.
Inventamos guerras e o inimigo somos nós, disparamos armas para aniquilar quem nunca nos fez mal…somos demolidores de raças. Depois revoltamo-nos quando alguém falece e perguntamos…”onde está Deus”?! È certo que aguardo por muita resposta da tua parte, mas depreendo, que talvez seja esse o mistério em que estamos envoltos. Porque se morre tão precocemente, o motivo de tanta pobreza, doenças sem explicação, tanta rebeldia na natureza com fenómenos que nos transcende…são perguntas onde as respostas não chegam.
Eu, pressinto que sejas muito mais que um velho de barbas sem idade, ou um puto com ideais e expectativas. Tal como nós, tu és aquilo que queremos que sejas…não sei.
Dai, cada um ter um perfil de Deus… idealizasse um Deus da forma que nos convêm! Cremos que, inventando-te serás fiel aos nossos segredos, ouves preces, trazes para mais perto horizontes longínquos, amenizas a dor, sentimos força celestial inexplicavelmente…enfim, és um deus.
Será que no fundo…és apenas um pensamento? Um pensamento que se abastece dentro da mente? Talvez possas ser isso mesmo, o outro lado de nós próprios e que desconhecemos. Mas para mim, continuas a fazer sentido na minha vida…
És a minha gaveta de segredos, o confessionário sem divisões, a minha plateia preferida, o olhar mais eloquente e tenro, a mão mais segura que me guia e sem enganos, a voz que nunca me cansa…se és velho, um puto ou um simples pensamento, nada interessa, o que importa é que fazes sentido junto de mim.

Por hoje é tudo, despeço-me e espero que esta carta te vá encontrar bem de saúde, que eu, graças a ti …estou bem.


Tila de Oliveira

domingo, 31 de maio de 2009

Desilusões...



Detesto a palavra desilusão.
Toda a gente já teve o sabor dela. È amarga e áspera em simultâneo. Tem uma coloração desinteressante, nada se associa ao muito bom.
Todos já sentimos na pele desilusões!
Desapontamentos por perdermos, decepções por parte de criaturas com pouco escrúpulos…
Até nós, já fomos desiludidos por nós próprios! Por acreditarmos piamente em quem não devíamos, por deixarmos fugir pessoas de boa índole e conceder atenção e auxílio a quem não merece nada de nada…Pior ainda, por não termos detectado em tempo real a isenção de essência desses seres imprudentes.
Desiludidos connosco próprios, por deixarmos fugir oportunidades ímpares, de olhar o pódio e não estar nele, de bater palmas em vez de as recebermos, de ouvir em vez de proclamar…

Desiludo-me comigo, quando pressinto que dei pouco de mim em certas circunstâncias, quando fico em segundo lugar, quando perco, quando fiz algo que não foi quase perfeito, quando não fiz nada do que tinha planeado…quando não estou alerta em relação á sociedade que me rodeia…
A desilusão vem sempre ladeada com arrependimentos retardados…e depois sentimos esses dois sentimentos a olham para nós, escoltados de uma consciência de ecos gritantes, onde outrora murmuravam veracidades…mas que não lhes dávamos a devida atenção.
Estou desiludida comigo. Trai-me, dei mais do que devia, acreditei mais do que mereciam…distanciei-me um pouco dum objectivo, acreditei que amanhã era outro dia, dormi em demasia, perspectivei muito e agi pouco…desiludi a pessoa que mais orgulho tinha em mim…eu própria.
Não quero bater palmas aos outros, ouvir oradores, contemplar pódios…
Hoje vou arrumar-me numa prateleira e tiro-me de lá, quando achar que a minha estupidez foi redimida. Vou olhar-me pela estante durante um tempo indeterminado, para que essa imagem fique tatuada em mim.
Hoje, vou arrumar-me numa prateleira…empilhar orgulhos e rasgar desapontamentos.


Tila de Oliveira

segunda-feira, 18 de maio de 2009

A dança da sedução...



Todos nós gostamos da dança da sedução. Quem ousa dizer o contrário…mente.
Este bailado de procurar no outro, a melodia que nos faz despertar para desejos intermináveis, faz com que, o nosso corpo e mente balancem num ritmo orquestrado pela habilidade de cada um. As palavras, deixam de ser necessárias para compor qualquer sol-e-dó deste baile a dois…um gesto qualquer de mão, um olhar mais moroso e acanhado, um sorriso pouco rasgado ou até um movimento menos flutuante, faz germinar denotações mudas, mas que o outro assimila.
Numa dança de sedução, não há a obrigatoriedade de se finalizar numa cama!
No gostar de ser seduzido, há espaço para seduzir também… e neste limite de área onde os aliciamentos se enlaçam apenas com quereres do pensamento, as palavras perdem a voz…desmaiam em gargantas que se fecham, sem sonâncias e tonalidades.
Quem nos dera sair á rua e as pedras da calçada se juntassem para passarmos, e com meio metro de pernas á mostra o trânsito embatesse em filas descomunais…
Quem não gostava, que no outro lado duma porta alguém a abrisse em ala para nos ver passar? E neste requinte de delicadeza, seguissem nossos passos como se fossem anjos sem asas? Quem não gostava de ver pessoas a embater em postes onde residem há anos? Casalinhos que prometeram juras de amor a discutirem por nossa causa? Dá-me vontade de rir, se neste instante alguém discorda com tudo isto! Como alguém já o referiu “ não me chamem aquele nome que começa com um P e acaba num A, onde pelo meio tem um U e um T”! Santos e santas, foi em séculos passados. Todos temos dentro de nós, num canto qualquer, uma gaveta ou armário de “obscenidades”, disponíveis para uma dança de sedução…
A música toca, resta iniciar a dança…com uma proximidade libidinosa de sedução.

Tila de Oliveira

domingo, 5 de abril de 2009

Enfim...drogas.


” A droga é má, porque é fantástica”! Paulo Coelho.

Um gesto como outro qualquer…elevasse a mão em direcção á boca acompanhada de uma substância que nos leva para lugares diferentes.
Uma linha á nossa frente pronta para ser inalada, conduz-nos para lugares que não duram.
Um frasco aberto num canto qualquer e leva-nos por segundos a percorrer espaços escoltados com emoções ao rubro.
A prata acalorada por um isqueiro viciado e já sem cor…o cheiro desapega o corpo da mente como se fossem estranhos…
Na língua um timbre… o passaporte autenticado para outras galáxias.
Um “charro” bem batido, passado de mão em mão, retido de boca em boca…
A relação é amor/ódio! È amor desde o primeiro gesto até ao momento do auge…é um “faz de conta”!
Ódio, quando deixa o sabor amargo a solidão e angustia…ou quando deixa a pulsação a palpitar desmedidamente sem se conseguir controlar…esse é o bater mal de algumas coisas.
O corpo dói e a dor vem acompanhada de ressacas profundas! Todo o corpo se lamenta…e a mente não se organiza! È a oportunidade dela beneficiar das restantes substancias, que ainda planam no cérebro.
Tudo é trémulo, deprimente e negativo! È o preço da droga…este é o seu verdadeiro custo. Tal como concede o mais agradável e belo… o disforme e o angustiante similarmente chega…mas também passa.
Por isso o desejo de recorrer repetidamente á realização dos tais gestos…
Sabemos os prazeres que dá, assim como os desprazeres…mas somos peritos em saber como controlar…basta esperar que desapareça ou consumir mais uma dose…
Se a droga consegue conduzir-nos para sítios transcendentes e inimagináveis, é lógico que em contrapartida quer igualmente presentear um pouco do seu lado fundo, sombrio e horrífico. Tudo tem dois lados… ela também.
Ela distribui os sentimentos além do habitual…é esse o seu propósito.
A partir do instante que se consome, percorre o corpo para alterar tudo…é um prazer fazê-lo! Tudo se torna perfeito...mas é tudo uma ilusão! “As ilusões são perigosas, porque não têm defeitos…” a rigidez dos membros e dos maxilares faz-nos companhia por algum tempo, os dentes rangem numa linguagem só deles, a secura é saciada, a sudação chega transportando calor impróprio.
A noite fica com cor, magia… está completa. Ela fica sócia da beleza e sensualidade. As cores reluzentes combinam com a música, o impossível não existe! Aliado a tudo isto, um desejo de abraçar, beijar… e envolta numa sensualidade despida de inibições.
Não somos nós, somos apenas corpos sem pensamentos isentos de sensibilidades reais, deambulando ao sabor de substâncias que dão prazer ou não durante um tempo limitado…isto é o poder de um simples gesto.
Os meios onde paramos são propícios…é um gesto simples!
Olho um, olho outro e vejo olhares vagos e distantes, ou brilhantes demais! Alucino com fantasmas que me perseguem, vestidos de pessoas reais…
Tenho medo! Nos corredores esguios e escuros vagueiam multidões de pessoas com diversos semblantes e adulterados! Uns riem-se, outros gritam, outros…outros não subsistem, eles apenas existem na cabeça…
Com ela o medo pode também não existir, os pensamentos nascem e morrem rapidamente.

O despertador toca! O inconsciente levou-me a lugares pérfidos.
A minha maior droga é ser viciada na Vida!

Os consumidores de drogas não são apenas os que arrumam carros, que dormem em becos e que pedem dinheiro naquele tempo em que conseguem estar de pé. Como alguém referiu e bem:” Alguns, adoram dançar, têm imensos amigos, trajam com um gosto impecável. Estas substancias são usadas em ambientes de festa, de preferência ao fim de semana, com muito glamour e prazer de viver á mistura. Muitos conseguem ter uma vida equilibrada durante a semana, trabalham ou estudam. Mas á sexta-feira não resistem ao apelo da dança e aproveitarem cada minuto para recorrem ao poder dos químicos.
Surpreendente a quantidade que é consumida e a facilidade de acesso a eles”!


Otilia de Oliveira

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Um corpo nu...


Um corpo nu…
Diante dum espelho tiro uma, outra e mais outra peça de roupa! Vou ficando desnudada, sem etiquetas a revelar o valor das calças ou da camisola…
Opto pelo vestuário mais singular e genuíno que arrecada o corpo…a minha pele. Diante deste corpo nu contemplo cada palmo de pele, como se fosse desconhecido. Eu e ele apresentamo-nos com toques suaves e estremecemos em cada encontro de pensamentos impuros. Gosto destes sobressaltos a mim mesma…
Eu posso olhar o mundo e não simpatizar com coisas que contemplo, mas posso olhar o espelho e vibrar com a imagem que ele reflecte. Nestes encontros comigo mesma, posso rasgar tempos e transpor fronteiras desmedidas á velocidade do pensamento. Posso pegar em mim, abraçar um sonho qualquer e juntos fugirmos para onde a realidade nos nega. Comigo não escuto despropósitos, renuncio á hipocrisia e tenho destreza que baste para não dar importância ás duplicidades da sociedade.
Diante deste corpo nu, não me sinto só…mas se o sentisse, é porque “em vez de ter construído pontes, tinha erguido muros” ao meu redor.
O espelho retrata o corpo despido, o meu olhar manifesta fraqueza sobre ele...e segue as linhas do âmago sem tropeços. Vagueiam de órgão em órgão e trazem ao de cima a tal autenticidade que existe em cada um de nós…é neste preciso instante que todas as “peles” ficam prostradas a nossos pés. Esta nudez só traz incómodo quem tem receio de se encontrar consigo própria! Podemos até ficar desiludidos com a essência dele, mas pior é tentar despistar a decepção…
Como alguém disse e bem:” Não faças da tua vida um rascunho, podes não ter tempo de o passar a limpo”!
Diante do corpo despido, é fundamental termos coragem para retirar todos os rótulos que pendurámos em nós. Melhor que o espelho a reflectir o corpo sem vestias...é a audácia para despir a alma.

Tila de Oliveira


domingo, 22 de fevereiro de 2009

O teu sonho...



Sei que não exprimo da melhor maneira o meu contentamento, ele é isento de qualquer expressão facial, o que leva a pensar que estou descontente com a felicidade de alguém!
Mas, sempre que alcançares um sonho ficarei feliz, porque nos meus objectivos a concretização dos sonhos dos que amo também são vitórias para mim.
Expressar-me oralmente é complicado, vaguear nestas teclas é bem mais simples. Por esta razão, quero dizer-te que estou muito orgulhosa e feliz por ti!
Não importa as vezes que cais, o que interessa são as vezes que te levantas…e se algum dia for complicado ergueres-te, acredita que mesmo com este meu mau feitio, eu vou estar contigo…estejas onde estiveres.
No dia do teu lançamento, quero “apanhar” o teu sonho, patente em folhas que tu própria encheste de palavras, derivando dai a primeira de muitas edições. Congratulo-te pela capacidade que tens em traduzires coisas menos boas em eufemismos, felicito-te pela escrita cuidada e bem explícita, para que todos possam entender.
Depreendo que é nas escrita que também te perdes…e encontras.
Há coisas, que nos são inerentes desde o primeiro batimento do nosso centro de emoções.
Napoleão Bonaparte disse “ A bravura vem do sangue, a coragem do pensamento”! Estes são estados invisíveis… que residem sé em alguns seres! È impensável cruzar os braços quando se “padece” destas energias, os dias nunca são iguais, as histórias nunca são repetidas, os sonhos nunca se esgotam …e ao contrário de muita gente, consideramos sempre: seja qual for a idade que tenhamos…podemos iniciar sempre algo de novo.
São estas vontades intermináveis, que nos faz lutar muitas vezes contra sociedades de mentes retrógradas! A diferença entre grandes pessoas e pessoas, distinguisse não só mas também, pela dimensão dos desejos e objectivos a concretizar…
Nunca é tarde para principiar algo, não é vergonha errar, não é desprezível perder! Horrendo é não concluir nada, não lutar pelos nossos ideais, reprovar e não conseguir fazer igual ou melhor…
A melhor lição de vida que posso deixar nesta folha, é que: Os sonhos deixam de ser sonhos quando se alcançam, e muita gente vive uma vida inteira a sonhar…porque não conseguem passar do sonho para a realidade!
Parabéns por mais uma etapa!

Next dreams Marisa.

Um beijo da “bó” belhinha.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Gosto de...


Gosto de…
Gosto de conduzir. Gosto de escrever. Gosto que me digam que não vou ser capaz. Gosto de café. Gosto de usar cremes. Gosto de abraços e beijos no pescoço.Gosto de ginásio. Gosto do cheiro a terra molhada na primavera. Gosto de vinho. Gosto de Drambuim. Gosto de musica. Gosto de dançar…
Gosto de receber cartas, de receber telefonemas. Gosto do momento em que acordo pela manhã. Gosto de esplanadas á beira da praia. Gosto de estar espojada no meu sofá enrolada num cobertor, quando lá fora está frio e chove. Gosto de usar salto alto. Gosto de ouvir Mafalda Veiga. Gosto de festas na cabeça e de massagens. Gosto de jantar fora. Gosto de regressar a casa. Gosto da minha cama.
Gosto de estar á lareira e olhar para o lume. Gosto de viver. Gosto de fotografias a preto e branco. Gosto de dar prendas a mim própria e receber dos outros. Gosto de surpreender e ser surpreendida pela positiva. Gosto de livros, do cheiro deles e lê-los. Gosto de conhecer pessoas, mesmo as que me assustam. Gosto das trocas que a vida dá para tirarmos lições. Gosto dos malabarismos que o ser humano faz quando tem a vida virada do avesso.
Gosto de perspicácia e de pessoas determinadas. Gosto de olhares. Gosto de copos meios cheios. Gosto de observar. Gosto de me olhar ao espelho. Gosto do sabor da vitória e do sucesso. Gosto de dinheiro e do que se pode fazer com ele. Gosto de montes alentejanos. Gosto de cavalos, cães e gatos. Gosto da minha família e dos meus amigos. Gosto de ser útil, de ser reconhecida profissionalmente.
Gosto do sabor a desejo. Gosto de ser conquistada. Gosto de receber rosas “champanhe”. Gosto de Mercedes e de BMW. Gosto de pessoas mais idosas e de crianças. Gosto de calças de ganga. Gosto de “Tops” decotados e de sapatilhas. Gosto do cheiro da Primavera. Gosto das folhas castanhas no Outono, do Verão para andar com pouca roupa.
Gosto de olhos negros, de peles morenas. Gosto do azul do céu, de olhar as estrelas, de admirar a lua e sentir o Sol na pele. Gosto de sorrisos, de dentes bem tratados. Gosto de sauna e hidromassagem. Gosto disto tudo ... e muito mais.

Tila de Oliveira

O meu dia 15-01.66...


O meu dia…
Há 43 anos nasci!
Pelo que dizem, vim sem contarem…mas fui bem-vinda!
No meu dia, olho para os problemas e rio-me deles! Tiro um extrato da minha conta bancária e desato á gargalhada! Observo o meu cabelo, vejo que tenho poucos castanhos e muitos de outra cor…tenho de pintá-los, os castanhos claro!
Neste dia, não procuro rugas no meu rosto e nem as encontro! Noto, é que tenho por aqui uns traços mais profundos, mas nada de mais! A celulite fica bem com o que trago vestido! Aquela coisa a mais que tenho ao redor da minha barriga, hoje dá-me jeito…fico mais redondinha e até quentinha!
No meu dia, não ligo á idade real. Não me incomoda o ano do meu nascimento… até acho piada ao ano 1966!O menos bom transformasse no muito bom e bonito!
Mas no dia seguinte…no dia seguinte, concluo sempre que a minha única droga…é o medo!
O medo do dia de amanhã, da semana que vem…do ano que vem. O medo do cavalo do “tempo”! Sinto-o a cavalgar ano após ano, onde me leva até á velhice! E eu não estou preparada para a receber, sinceramente!
Gosto de viver, mesmo com todas as vicissitudes da vida.Gosto do tal momento pela manhã…quando acordo e sinto o meu coração bater, gosto do instante em que o pensamento quer ir para o ginásio, mas o corpo desobedece…mas depois, entram num pacto e lá vou eu zelar por este corpo de meia-idade.
Gosto da vida…
Gosto da sensação de ver pessoas que gosto, de telefonar ás que estão mais distantes…gosto de poder usufruir das coisas que a vida tem, gosto de sentir saudades e depois “matá-las”…
Dizem que, envelhecer hoje em dia já não é uma arte…é um pesadelo. Não sei, nem sei se quero pensar nisso…sei que muita gente separa o amor de viver com o desejo de viver, para mim o amor e o desejo estão ligados. Nada faz sentido se assim não for.
Mas hoje, a infelicidade não existe…nem tão pouco o receio do cavalgar do tempo! Só acho que uma vida é tão pouco ou pequena para o que queremos fazer ou para o que sonhamos idealizar!
Nos meus 43 anos a conclusão que tiro, é que: ao longo destes anos todos, é na “dor” que vou buscar toda a minha força e garra, para seguir em frente.
Hoje estou de parabéns…porque faço anos.
Um brinde a mim, e a quem gosta de mim! Aos que não gostam, pensem bem na estupidez de pensarem dessa forma . J
Um beijo a todos



Tila de Oliveira

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Corações...


Nunca consegui executar um coração direito…tens razão! Esboçava-os sempre imperfeitos…
Enquanto que tu, delineava-los bem e exactamente com esse formato…um coração partido! Como tu bem realças, eu questionei inúmeras vezes esse facto.
Quase que posso apreender que um lado dás a desvendar… o outro não! Num flanco, (como tu ousas dizer) tens realidades sadias na outra…veracidades desengraçadas. Ou como proferes, num espaço deixas entrar…no outro nem tão-pouco pretendes dar a conhecer. Depreendo, que dentro do teu centro de emoções subsistem prateleiras, onde arrumas os teus próprios sentimentos e emoções separadamente…conforme a índole deles. Não necessitam estar rotulados, reconhece-los pela gustação amarga ou melosa, pela intensidade ou provavelmente pelos efeitos secundários que deles descende. O tal lado onde resguardas o “intocável e o inacessível”, deixa-los sem luz, sem diálogo sonante e sem qualquer vínculo com o exterior. Aprisionas num recanto, histórias com finais escassos ou exacerbadamente felizes, actos ou feitos mais ou menos mesuráveis, elações muito ou pouco íntegras…só tu o sabes! Só tu palmilhas esse trajecto dispensável de guias ou orientadores.
Enclausuras-te dois lados isoladamente…sem qualquer fusão, como se tratasse de uma dicotomia de sentimentos ou estados…
Se soubesse delinear um coração, ele estaria cheio de caixinhas, nunca repartido…porque não consigo demarcar território dentro dele. Tudo o que vive dentro do meu centro de emoções coabita com as coisas boas, para que as menos benéficas se associem ás benignas. Desta forma progredirem e não se aprisionam dentro de si mesmas.
No fundo, as minhas caixinhas são também minúsculas repartições desenhadas dentro do meu coração, em vez de as armazenar em prateleiras, abrigo-as em gavetas…
Quando a minha imaginação me leva a um coração, ele fica perfeito porque o desenho com o meu pensamento…mas é só desta forma que fica belo.

domingo, 14 de setembro de 2008


Hábitos, usos ou manias…

Diante do meu computador primo uma e outra tecla…
Formo palavras que pouco a pouco se transformam em frases. Em sequência desta junção de letras e palavras transplantadas do pensamento para o meu computador, concebo uma “folha” inundada de desabafos ou simplesmente enunciações onde narro um ou outro acontecimento….
Tenho por hábito escrever apenas com uma mão, a outra… a outra ampara a cabeça ou uso-a para fumar um cigarro. Com os dedos faço com que ele circule em redor deles…são costumes que adquirimos ao longo do tempo.
Todos nós obtemos usos no nosso dia a dia. Empregamos termos que ouvimos por ai, imitamos gestos que vemos alguém fazer, estilos que achamos piada…ou tão-somente inventam-se.
Talvez o comodismo se possa apelidar de hábito, porque não? Familiarizamo-nos com certas atitudes deselegante e ao fim de tentativas sem sucesso baixamos as armas, e lá vamos nós com o tal argumento pouco inteligente e frequente:” oh pá não vale a pena, é o feitio das pessoas…”!
Somos protagonistas dos nossos hábitos por várias razões, mas também somos seres racionais para saber se devemos ou não empregá-los…
Talvez os erros e desculpas imoderadas se possam também intitular de hábitos! Achamos que o facto de se pedir desculpa, justifica os erros cometidos dezenas de vezes…a palavra desculpa usada em demasia não pode ser aceite. Se aprendemos com os erros e tentamos não repeti-los é notável, mas constantemente cair neles é…burrice.
De tantos usos e costumes menos benéficos, aprendemos a não confiar e dai advém os desencantos e as desilusões…que importam consigo um simpatizar muito longínquo do gostar…
A natureza gira em torno do equilíbrio, porque é perfeita…enquanto que o ser humano está longe de ser exemplar! Mas, compete-nos ter uma perspectiva imparcial em relação aos hábitos que obtemos e não inocentar-nos e desculpabilizar-nos constantemente… sobretudo quando temos consciência que povoa em nós uma vitrina de ciclos viciosos.
Aceitar, admitir e não redobrar as nossas lacunas é um acto de humildade…
Um hábito, um costume, um uso ou seja lá o que queiram designar…pode ser lesivo para nós e para os que nos circundam.
A índole que subsiste dentro de nós deve ser preservada, mesmo que se torne num hábito, estilo ou mania…desde que seja seguramente inofensivo e edificante.
O ser humano tem a obrigação de saber que o excessivo se torna fastidioso.


sábado, 6 de setembro de 2008

Para ler apenas...


Deve haver vários propósitos para a nossa existência!
Não andamos aqui, apenas para viver a vida da melhor forma que sejamos capazes, para desta forma tocar ou chegarmos próximo dos instantes de felicidade. Acho que uma das múltiplas formas de viver, pode ser também rememorar aos que nos parecem especiais o quanto é relevante chegar até cada um de nós, palavras ou actos exclusivos. Mas, se empregarmos muito o mesmo vocábulo ou se sentirmos em demasia a repetição de alguns feitos, podemos considerar que se tornam banais. Desta forma o aprazível de se ouvir ou sentir deixa de ter o impacto que nos provocou no inicio.
A nossa distracção em não parar e pensar, causa o efeito de rotina… e a sociedade em que vivemos, vive constantemente do “ imitar e repetir “ …dai advém a falta de sensibilidade e de originalidade.
Muitas vezes gostamos de alguém não pelo que são, mas pelo que são capazes de fazer por nós…ou vice-versa.



Tila de Oliveira

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

O fundo...


Todos nós já visitámos o fundo do poço uma ou várias vezes! Eu já o conheci e detestei! Assegurei-me não voltar lá, e as promessas a mim mesma, ficam gravadas em lápides indestrutíveis na minha mente. Quando me sinto frágil ou quando faço algo que não vai de encontro com os meus princípios, volto a esse alicerce…mas em pensamento. Com estas idas trago comigo o que não quero e a noção exacta do que pretendo.
Se ao longo da nossa vida vamos muitas vezes ao abismo, é porque a busca do nosso bem-estar não é uma meta a atingir. ..
Parte do nosso destino é predestinada por nós e a outra parte...por nós! Não vamos culpabilizar pessoas ou Alguém que esteja acima de nós por algo menos bom que nos acontece. Induzir a culpa noutros é a nossa melhor desculpa. Nós somos os fios condutores da nossa vida… por este e outros motivos, temos que fazer o “muito bom”por nós e nunca esquecer daquilo que não pretendemos para a nossa vida.



Tila de Oliveira

domingo, 20 de julho de 2008

Lemas, escolhas…ou rasgos de algumas certezas…


Desde pequena que incutiram em mim vários princípios, dai suscitar a ideia de poder ser a heroína da minha própria vida!
Talvez seja por esta ou outra razão, que em todas as minhas vitórias a plateia que existe dentro de mim se erga num aplauso uniforme e silencioso. Os clamores que vêm de fora pouco influenciam o percurso que tenho a adoptar, porque o envaidecimento muitas vezes estagna o trajecto proposto por cada um de nós. Mas, os elogios que me possam tecer, são abraços onde me enrosco eternamente…
Desde há muito, tenho a noção que o mundo é para os destemidos… os fracos servem para servir os fortes a conquistar os sonhos por eles pretendidos. Se reparar-mos, os “donos do mundo” chegaram a esse patamar com o auxílio de pessoas que apenas se confinaram a concretizar os desejos dos outros.
O meu sonho não passa por “um outro qualquer” ter sucesso…mas sim, eu tê-lo também!
“Não sei” são duas palavras que posso proferir, mas tenho consciência que com empenho e determinação, vou pronunciar ”eu sei”! È o caminho entre estas duas declarações que dia após dia tento corrigir…
Tudo isto, porque aprendi a conhecer-me! Tudo isto, porque sinto que sou a heroína da minha própria vida!
Em criança aprendi a pôr uma palavra á frente da outra e em consequência disso descobri a leitura assim como a escrita, então nunca mais parei … foi nesses jogos de letras e palavras que inclui metas, sonhos e quereres só para mim! Nessas recreações de conhecimento pude constatar, que podemos ser “semideuses” de nós próprios.
Sim, sou a heroína da minha vida e é com esta certeza que desmorono e excedo muros, é com esta firmeza que em cada queda sei que não posso baixar a cabeça…os tombos atrasam apenas a chegada ao meu objectivo.
Conto sempre muito mais comigo e sei que estarei sempre a meu lado, talvez porque tenha a noção que entramos neste mundo sozinhos e saímos dele… também sozinhos!
Por isso, para seguir em frente muitas vezes é necessário parar, até mesmo dar um passo atrás ou mesmo para o lado. Todos eles são importantes, desde que sejam para pensar se é mesmo aquele caminho que queremos seguir. …
Vasculho muitas vezes a minha alma e tiro partido das coisas boas e menos benéficas que a vida me oferta sem dar por isso, ortografo o meu diário da felicidade diariamente em pensamento e denoto que todos os dias tenho momentos e situações benignas …é este trilho entre o fundo da alma e o cume do meu cérebro que descubro a tranquilidade e o equilíbrio de que tanto preciso.
Para muitos posso não ser nenhuma heroína, mas o que importa a opinião daqueles que não conhecem o nosso trajecto de vida? Sou a protagonista de algumas concretizações existentes no meu percurso de vida…isso basta, para me intitular como tal. O facto de acreditar e confiar em mim, facilita a chegada ao meu sonho.
“Quanto mais perto do amor mais perto do bem”…é também este lema que sigo e trago comigo ao longo destes anos da minha existência, porque o contrário não farão de mim nenhuma heroína…
Lemas, escolhas...e rasgos de algumas certezas é o que faz de nós heroinas da nossa própria vida.

Tila de Oliveira

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Gosto de mim...

Gosto de mim...
Gosto quando me prego sustos, quando calço botas de salto alto para me fazer lembrar que não tenho metro e meio, gosto quando abro prendas presenteadas por mim própria , de rir das minhas cenas de kota.
Gosto quando me chamo à sensatez, de me atropelar propositadamente para ter a noção que vou depressa demais. Gosto quando bebo e a outra "eu" fica sóbria...quando falo pelos cotovelos e me canso de mim mesma, gosto de mim quando digo uma piada e nenhuma de nós se ri.Gosto quando me sento ao meu lado no sofá e quase adormecemos as duas...
Gosto de mim quando abro os olhos e me vejo…Gosto das conversas que tenho comigo, das discussões que se iniciam de costas volvidas, mas que finalizam num abraço nosso… gosto quando me vejo ao espelho e me seduzo com um olhar meio envergonhado! Gosto de me conquistar e dos momentos de paixão entre nós…
Gosto de mim!
Gosto de mim, porque tenho a noção que muitas vezes é preferível pensar nas coisas que alcançá-las... de viver a vida e não limitar-me apenas a existir.Gosto de cruzar com o meu olhar e juntos assimilamos tudo sem ter de falar, aprecio as vontades que temos e convicções que só nós sabemos.Gosto de mim quando tento enganar-me subtilmente para eu não dar conta, agrada-me quando minto a mim mesma e em segundos sou descoberta pela outra que sou eu… gosto quando nos rimos desses e de outros disparates que cometemos.
Gosto de mim, porque descobri que o dia em que comecei a dar as pessoas nunca mais deixaram de não precisar...
Agrada-me quando tenho saudades minhas em determinadas ocasiões…
Gosto de mim quando me escolho para primeiro plano, quando sei que desistir de algo nunca faz sentido... que as penas e alegrias estão entrelaçadas.Connosco caminham todos os mortos que amamos, porque eles apenas deixaram de se ver! Caminham todos os amigos que sabemos quem são, assim como os que se afastaram…Queremos um dia, poder dizer às pessoas que nada foi ou é em vão... que o amor entre nós existe, que vale a pena nos doarmos às amizades e pessoas, que sempre demos o melhor de nós...e que valeu a pena!!! Cremos que em cada milagre sobrevive um espaço para mim e para a outra que sou eu...Não queremos alguém que morra de amor por nós... Só precisamos de alguém que viva por nós.Gosto de mim, porque sabemos que quando as pazes se fazem com amor tudo fica resolvido, que amor e ódio não são conciliáveis…e que a humildade é uma das qualidades mais nobres dum ser humano.
Gosto de mim porque temos a percepção de que uma vida é muito pouco ou pequena para o que queremos fazer ou para o que sonhamos idealizar.

Gosto de mim…por isto e muito mais...por isso, nunca passo sem olhar para mim.


Tila de Oliveira

domingo, 13 de abril de 2008

Agarrei tanto o que me deste...


Na euforia da noite, teu corpo residia ao lado do meu…a lua reluzia longe, rodeada de estrelas a cintilar…
O relógio talvez marcasse as horas certas, mas em mim não existiam. Sentia-me como se nada acontecesse, o meu olhar estava para lá daquele lugar…
Sentia-me distante quando me tocavas e desacompanhada se falasses comigo… mas quando pairava o silêncio, era esse preciso tempo, que queria que permanecesse.
Quis trocar esse momento sem sentido num instante apetecível, e então…procurei teus braços para me abraçares, agarrei o teu rosto e deslizei nele as minhas mãos .
Procurei a tua presença em mim e dos silêncios substitui-os por melodias de suspiros! Brincámos ao amor nessa noite, esperando que o dia não nascesse e as nossas palavras envolveram-nos num abraço único.
Anos depois…passamos um pelo outro ignorando esse dia, longe um do outro esperamos ainda por um adeus.
Na distância sei que nos encontramos ás escondidas do mundo e com sorrisos pouco forçados.
Não somos um para o outro sonhos esquecidos, sofremos calados e de mãos postas reclamamos o orgulho que nos vence…
Acompanho-te em pensamentos ocultos e trago-te comigo em cenários coloridos. Não me pertences, mas tenho-te! Abro caminhos em brisas ardentes e viajo contigo para o incerto.
Peço ao vento que sopre e traga consigo vendavais de amor, onde a minha imaginação possa voar sem ter asas ou navegar sem rotas. Caminho sem destino a teu lado nessa fantasia …
Percorro direcções e rasgo fronteiras do imaginável…disfarço pensamentos e vinculo razões nesse mundo que é meu e teu…
Escondo-me atrás da noite e começo a ouvir ecos de lucidez…é a chegada ao universo real!
Mesmo quando amamos muito uma pessoa, nunca conseguimos fazer com que não sofram…Agarrei tanto o que me deste…
Tila de Oliveira

terça-feira, 8 de abril de 2008

A vida é um puzzle inacabado


Pronunciar-me em relação á morte é um assunto que me inquieta! Vejo-a vestida de negro, com uma força indeterminada! Vem em silencio e sabe quem vem buscar…não olha para trás, não chora nem ri…é gélida, sombria e cruel…
Nascemos! Iniciamos a vida, a construir peça a peça um puzzle, mas nunca o concluímos, fica sempre inacabado.
Quando a morte vem, dizem que por segundos vemos essas peças cair uma a uma diante dos nossos olhos como se fosse um filme, é o instante em que nos preparamos para desocupar este mundo …quem por lá passou e voltou diz que é um momento de paz, não se apercebe do” lá e do cá “!
Acredito que para além das muralhas deste mundo, exista um paraíso… o tal lugar ideal…mas a transição, será sempre um trajecto desconhecido.
Temos poucas certezas, mas a convicção que todos temos uma hora certa para ir…temos! Uns mais cedo que outros…mas vamos.
A vida é um puzzle inacabado…
Quando alguém que gostamos falece, fica sempre uma mágoa, um lugar que nunca vai ser ocupado. Escrituramos no pensamento todas as coisas que não dissemos nem fizemos e é este arrependimento sem retorno, que por uns tempos se converte em revolta…e mais tarde numa aceitação pela metade.
Morrer é triste para quem está ciente da sua viagem sem volta e para quem fica …a inaptidão de não poder mudar o destino.
Para quem já assistiu á morte de alguém, por segundos apercebemo-nos do instante em que os desprendimentos deste mundo para o outro se dá…as nossas vozes calam-se e os sentimentos ficam sintonizados …os olhos cruzam-se com os deles como que autorizássemos essa passagem em paz…e acompanhados por nós.
Sentimos uma calmaria vinda dos olhos deles e talvez um brilhozinho…não sei se de tristeza, calmaria ou concordância …e ouvimos um suspiro que marca o fim da sua jornada.
Os olhos fecham-se, porque já nada vêem…e num outro lado iniciam uma nova vida para os que vimos partir…mas sem nós.
O silêncio é o único som que se ouve…
Reza-se ou falasse com Deus, vêem os “porquês” sem resposta, e mesmo que houvesse nenhuma seria válida ou aceitável…é a revolta e a constatação que somos insignificantes perante o poder de quem criou o mundo.
Mas, acredito que no outro lado deste céu azul esteja o tal mundo perfeito e ideal…se assim não fosse, a vida não teria sentido…
Só ai o puzzle poderá talvez ser concluído…

terça-feira, 11 de março de 2008

Sonha um pouco comigo...


Sonha um pouco comigo e vamos aos tempos em que íamos a muitas festas, mas onde nunca chovia, porque não consentíamos que acontecesse…
Sei que esperas por mim o tempo que for preciso e depois mais algum se necessário…mas eu não quero que aguardes…
A nostalgia e a alegria andam entrelaçadas em cada um de nós…por favor, não passes sem olhar para mim…
Sonha um pouco comigo e deixa-me ficar em segundo plano, onde a primeira escolha sejas tu…e quando passares por mim…admira-me e abraça-me!
Os amigos de infância recordam-me de onde eu vim, tu és um deles e por mais que insistas em esquecer-me, eu não deixo…porque fazes parte da minha história de vida. Retirar-te das minhas lembranças era mudar a minha biografia e algumas coisas que vivi só fez sentido ser contigo. Então, porque não podemos sonhar os dois?!
Quando o meu olhar se cruza com o teu, sinto o choque perfeito o encaixe sem folgas…por mais que planeies fugir, as tuas pernas optam por não te ouvirem…preferem ficar quietas e desautorizarem o teu pensamento.
Sonha um pouco comigo e vamos ao tempo em que falávamos horas a fio…ou se quiseres, aos momentos em que pouco conversávamos…porque as palavras estavam escondidas nos actos.
Parece que tens saudades do que nunca existiu! Ou então é o que queres acreditar, mas se assim for, mentes a ti próprio…não queiras sonhar sozinho e ir aos tempos em que fazíamos parte um do outro…
Mesmo quando discutíamos, nunca íamos embora zangados…essa era uma das nossas condições…por tudo isto e muito mais, sonha um pouco comigo e quando passares por mim…não passes sem me olhar.
Tila de Oliveira

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

O ódio...


“Quando se odeia, as únicas pessoas que sofrem são elas próprias, porque a quem se odeia não sabe e as outras não se importam”!

O ódio e o amor conseguem ter a mesma força, a diferença é que são sentimentos com direcções e comportamentos completamente antagónicos.
Eu penso que quem odeia, não vive com a mesma serenidade como aqueles que amam! Parte do dia deles deve ser dedicado a pensar no infortúnio dos outros…como é possível desta forma, alguém ter momentos de felicidade ou mesmo de tranquilidade?!
O ódio trás inaptidão de viver em sociedade e desmerecimento por parte das pessoas que as circundam.
Afastar-nos é o primeiro passo…o segundo é ignorar-mos esses seres por completo!
Se não o fizermos, somos atacados pelo cansaço psicológico e dai advêm a fraqueza, o medo e tantas outras sensações provenientes dessa fadiga…
Dizem que o medo é um vício, será que o ódio também é? Penso que não…penso que é mesmo malignidade de seres errantes e sem perspectivas de progredir.
Vivem sempre ansiosos e um espírito inquieto não faz uma pessoa feliz!
Eu não sei odiar e nem quero aprender!
Se alguém me odeia? Talvez…mas então repito o parágrafo acima referido:

“Quando se odeia, as únicas pessoas que sofrem são elas próprias, porque a quem se odeia não sabe e as outras não se importam”!


Tila de Oliveira

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

"Fantasmas"...


Todos nós temos os “nossos fantasmas”!
“Vivem” a atemorizar pessoas e atacam nos instantes mais débeis da nossa vida. Não são mais fortes que nós, mas em certas ocasiões parecem ser e quando se apercebem que cremos nisso, denotam grande agilidade e poder psicológico para ameaçar o nosso equilíbrio mental.
“Vivem” para nos descontrolar e fazem-se ouvir de várias formas… subtilmente ou com atitudes enlouquecidas. Tantas vezes repetem falsidades que quase se convertem em verdades.
Embora o subconsciente nos avise incessantemente das abordagens deles, o barulho do silêncio desses “fantasmas”, afaga esse grito sem ser ouvido.
Cambaleamos no meio deles á procura de portas abertas…a resignação é a forma mais fácil! Dão a sensação que vivem em corredores estreitos e escuros, enclausurando-nos neles, calando as nossas preces onde as portas de saída parecem ter desaparecido.
Mas no meio desse labirinto poderá sempre erguer-se uma força superior á deles…a nossa vontade!
Evocamos por ela e preenchemos o nosso corpo com toda a sua energia … as portas abrem-se deixando para trás passagens enormes o que outrora era inimaginável! A energia do nosso “querer” ilumina todo o espaço e todos os fantasmas desmoronam-se com a dimensão da nossa audácia.
A vontade é alimentada pela coragem, bravura …que existe em cada um de nós!
Aos fantasmas, podemos simplesmente intitulá-los de “emaranhado de emoções!
È isso que eles são apenas…



Tila de Oliveira

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Paixão...


Paixão…
Sinto-a presa a cada músculo do meu corpo, cada gesto que adopto revela-se de variadíssimas formas e muitas vezes em desejos descomunais. Algumas das minhas paixões são escolhas premeditadas, enquanto que outras, surgem acompanhadas de predilecções inerentes á paixão.
Cobre-se num modelo sensual onde a palavra “não” jamais existe! Assenta numa provocação descomunal e num pensamento coerente adiado…mas gosto dela! Gosto do poder da sua sedução, dos argumentos calados…que apenas se “ouvem” nos apelos exaltados do nosso corpo. Apanho boleia numa das suas carruagens de pedidos sem recusa, para a louca viagem dum mundo exaltado pelas minhas fantasias.
Abandono em terra o que entrava este enlace e juntas partimos na busca de momentos efémeros mas apelativos.
A paixão faz com que nos esqueçamos de olhar para trás! Bloqueia o pensamento e desmantela o real… edifica miragens que aos nossos olhos não é imaginativa.
Ela é uma “mulher” com “quereres” firmes e com plenas certezas…
Conhece o sabor do nosso beijo, o trajecto do nosso corpo…o toque que nos extasia. Não fala… apenas incumbe provocações aos sentidos onde são insuportáveis de deter. Utiliza a fragrância que gostamos, soletra as palavras mais aprazíveis ao ouvido…e oferece-nos uma vasta lista com dúbios estados, onde o lado de lá é o limite…assim como o porto de chegada da carruagem desta mulher sem rosto, mas inundada de emoções.
Desde a partida á chegada, esta viagem envolve instantes soberbos, onde nos desvinculamos deste planeta indo á conquista do universo perfeito.
Gosto da paixão…porque arrecada tudo aquilo que nos faz feliz.
Reside cá dentro e vive o mesmo tempo que nós! Faz-nos sentir vivos e ensina-nos a inventar um mundo de fantasias de vez em quando…assim como, vontades resistentes e certezas absolutas sem serem momentâneas.
Eu deixo e quero enlaçar-me por ela…porque me faz bem.



Tila de Oliveira

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Ninguém os quer ver...




Apenas um saco os persegue nesta procura sem direcção. Qualquer local serve para assentar o corpo anestesiado pelo frio e chuva. O vento cá fora assopra sem dó e piedade, cada Homem busca o lugar que não deseja para se albergar.
A rua está deserta…
As olheiras abrigam-se atrás duma pele ressequida e escura, os olhos estão vidrados desde o dia em que a rua os hospedou. Nas mãos, nas mãos carregam o “nada”, um “nada” pesado e gigantesco…a coluna curvasse postando o rosto volvido para um chão que é continuamente o mesmo.
Hoje fica aqui, neste recanto pintado com tintas incertas e desenhos indecifráveis…neles vê tudo e nada.
O dia acaba! A noite faz-lhe companhia sem a presença da lua, das estrelas…e dum céu cristalino. Ele próprio é a sua companhia e quando não a quer, substitui-a pela sombra que o escolta, que parece em melhor estado que ele.
As horas sucedem-se, mas que interessa as horas se são todas iguais? Outro moribundo chega…mas ligeiramente desaparece no silêncio da noite, quando vê que este canto está habitado.
Espera que o dia nasça, como se aguardasse por algo …mas o dia chega, mesmo que não seja apetecido!
No intervalo entre a noite e o dia, outros “sem abrigos” friccionam as mãos gélidas uma contra a outra, tapam os rostos com gorros feitos de orifícios sem concertos. Nos pés…os pés contêm uma pele espessa com fissuras oferecidas pelo chão que calcam. Essa compacta tez é os sapatos que os conduzem onde os pés anseiam andar…
Na mente nada se move, porque o futuro não existe…
Uma luz acendesse numa casa qualquer, ele olha com nostalgia…
Lá dentro tudo se ilumina de cor, de aconchego…cá fora é o oposto daquela visão verídica e incomodativa.
Desvia o olhar…porque lhe faz mal…
Enfrenta a realidade com os olhos colocados no seu horizonte que é mesmo ali.
Deita-se… na sua “enxerga”! A sua cama de cartão é mais minúscula que a extensão do seu corpo, a almofada é a sua mão gelada que enregela o seu pensamento…
O dia vem com um sol enfraquecido…
Os caixotes do lixo estão cheios não de imundície… mas de algum mantimento para enganar um corpo debilitado e onde o nada se torna algum …
Olhos cegos da realidade observam estas pessoas e gestos, abanam a cabeça num sinal de incómodo…é a veracidade indiscutível, com que muitas criaturas vivem.
A revolta marca o início do nosso dia…
Não olhamos para trás, não queremos voltar a visionar essa peça que durou uns minutos, mas mais á frente outro cenário idêntico se depara… é inaceitável deixar falecer estas “representações” do nosso pensamento.
Este é o filme da vida, baseado em acontecimentos verídicos…onde a pobreza está patente no quotidiano! Os olhares não são pintados para parecerem descontentes, porque já o são…o sorriso não é ensaiado vezes sem conta, até que fique bem numa tela de cinema…porque simplesmente o sorriso foi obstruído pelas vicissitudes da vida. Os gestos não são treinados, porque a vida os imobilizou.
Neste palco são desnecessários produtores ou realizadores para incrementarem a arte de interpretar…estes actores “recitam” bem, mas não foi esta ocupação que elegeram para a sua vida.
Quando abrem os olhos adormecem numa tristeza infindável e quando os fecham…não dormem nem sonham, porque têm um sono tão perturbado que não lhes permite fantasiar.
Este homem, direcciona-se a alguém e estende a mão sem falar, talvez já nem saiba mendigar ou talvez nem seja preciso… os factos falam por si. Esquivam-se dele…por medo, por indignação ou por desdém! Outros estendem o braço, agarrando uma moeda em apenas dois dedos sem tocar nele…a pobreza não se pega, se alguém não souber!!!
As atitudes menos dignas das pessoas já não importam a estes seres que vivem em função da bondade dos outros! A tristeza é tão vasta que qualquer acto descabido já não os transtorna.
O que os perturba mais é a insensibilidade e o desdém…talvez.
O que é incompreensível e inaceitável é virar a cara e fingir que nada vimos…
O que é intolerável é desprezar pessoas que nada têm. È inadmissível terem vergonha destas pessoas!
Será que nunca nos questionámos: “o porquê de viverem neste “patamar” da vida?!”
A vida dá e tira-nos muitas coisas…
Em algumas situações erramos e fazemos coisas menos correctas…mas noutras não. Alguns dos “sem abrigos” que nos circunda…são “vitimas” de abandono, violação, maus tratos… outros não, claro! Então não vamos generalizar, vamos parar de olhar para eles duma forma menos correcta, como se fossemos superiores.
Eles são dignos de sorrisos, de apoio…
Vamos se possível, temporizar a pobreza o mais que podermos…
Os nossos olhares repletos de humilhação “mata-os” interiormente! Já basta conviverem nas condições em que assistem… não temos o direito de os reprimir mais.
A sociedade em que nos deparamos tem medo da pobreza, mas pobre não é só aquele que não tem condições…”infortunado” também é o indivíduo isento de sentimentos.
Parte de nós ignora-os, fingimos que não os presenciamos…ficamos inquietados com tamanha miséria, mas a verdade é que eles andam por ai.

Com toda a certeza, os “sem abrigos” têm saudades deles próprios…



Tila de Oliveira

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Bancos de jardim...


Em cada jardim quantos velhinhos descobrimos nos bancos desses jardins? Talvez nenhum...porque não os vemos...ou se os vemos, passamos e olhamos para eles duma forma como se o assento estivesse sozinho... Os bancos são a companhia fria e calada de muitos velhos que por lá passam...mas provavelmente eles sabem mais que nós...talvez saibam os grandes homens e mulheres que foram um dia e que ainda são, apenas a idade os atingiu, assim como a nós um dia irá tocar. Esses bancos sem voz e sentimentos, acolhe-os tantos dias e noites...tantas vezes são a cama que lhes falta diariamente, a mesa sem ser posta...com um pão dum outro dia qualquer. Esses bancos cegos, mudos e surdos possivelmente têm sentimentos...senão porque ficariam gastos, sem cor e a “gemerem” quando deixam de ser cama e mesa de algum velhinho que abrigaram... “Velho sentado no banco dum jardim”...é uma musica da Mafalda Veiga, que talvez toda a gente deveria ouvir... Um dia quando tinha vinte e tal anos uma pessoa de idade avançada, pegou-me nas mãos e disse: as minhas mãos nunca mais irão ser como as tuas, mas as tuas irão um dia ser como as minhas! Hoje... digo isso a muita gente...mesmo nos meus 42 anos! “A velhice é a preparação para a morte”, alguém o disse...então porque não dar mais tempo e atenção a essas pessoas que passeiam lentamente para um caminho sem retorno? Eles querem travar esse tal atalho para a morte… Ser velho e assim tão desprezível? Quantas histórias terão para contar e quantas temos nós? Somos vazios enquanto que eles não, estão cheios de existências,...o que têm de vazio é apenas o olhar, porque...passamos por eles diariamente e nem lhes ligamos... Muita gente tem receio da velhice ou de olhar para os tais velhos que andam por ai a deambular no mundo, talvez porque a idade os atormente, talvez porque associem velhice a isolamento, será? Velhice não significa isso, desde que todos os dias haja um sorriso, um carinho, um abraço, uma palavra para eles...ate um pessoa de 20 anos tem necessidade de afecto, amor e ternura, senão também sofre essa coisa de...solidão! No Natal apela-se ao bom senso de toda a população, para apoiar tanta instituição...mas penso que é no Natal que muita gente sente mais dor, penso que ai sentem mais o tal desamparo, porque? Porque o ano tem 364 ou 365 dias e só nas épocas Natalícias evocam para se fazer tanta coisa e nos outros dias não...claro que os sentimentos indignam-se, assim como de tantas crianças abandonadas, doentes, sem abrigo... tanta gente! Revoltam-se e criam um conflito interior...porque todos os dias...poderiam sorrir, como nós sorrimos... A velhice trás rugas, cansaço, pouca visão, doenças...! Ou seja, as pessoas envelhecem...mas a sensibilidade não! Devemos pensar nisto... Cada vez que passares por um velhinho num banco dum jardim...sorri-lhe, e se puderes investe cinco minutos a falar e ouvi-lo...vais ver que no rosto ira aparecer muitas mais rugas...mas de sorrir!!! Se anexares o teu sorriso ao dele, ficara uma tela linda...e o teu dia, assim como o do velhinho, ira clarear e correr muito melhor...acredita. Pensa que um dia, daqui a muitos anos, o teu desejo poderá ser...Um sorriso igual ao k deste hoje...porque poderás estar também sentada ou sentado num banco de jardim... A velhice e apenas mais uma etapa, onde eles chegaram...enquanto que nós...não sabemos. A todos os velhinhos um beijo ...Tila de oliveira

Apetece-me não me apetecer...


Hoje é daqueles dias que sinto carência do nada…
Que concebo um contentamento contagiante sem sorriso
Sinto um desejo que não me apetece consolidar!
Apetece-me viver o dia de ontem, ter hoje o que vou ter amanhã…
Apetece-me correr caminhando
Falar sem abrir a boca…
Pretendo mandar-te um postal sem ele sair daqui
Escrevê-lo com um lápis incolor…
Estou energeticamente feliz imóvel
A saborear o meu cigarro apagado…
Observar o mundo de olhos bem cerrados…
É a antítese em cima dela própria!!!
Eu sei…mas não quero saber…
Apetece-me…unicamente.

Os anos não passam por ti...


Pressinto o teu cheiro em muita coisa onde toco, ainda sinto o passar da tua mão em cima da minha!!!
Rapidamente tento atraiçoar o pensamento, fujo ultrapassando as lembranças e curvo em lugares errados…para iludir o que está preso a mim…puro engano, eu sei!
Quantas vezes quis encontrar-te? Tantas quantas as que quis esquecer-te…
O pensamento vai onde não queremos que vá, em minutos emerge onde em dias não conseguimos nos aproximar em presença.
Depois vem a saudade, essa palavra espessa de tanto sentimento, mas que não conseguimos decifrá-la…nem com palavras, nem com gestos…só e apenas com um olhar vazio, embaciado, longínquo…é isto a saudade!
Procuro-te em sítios errados, em horas que não têm nada a ver com as tuas, em cidades onde nunca foste…mas, por sarcasmo do destino, encontro-te sempre! Descubro-te em objectos que toco, lugares paradisíacos, em palavras que nunca te direi, mas que estão feitas em frases dentro de mim há anos…
Soletro baixinho o teu nome e toda a natureza se inclina para mim, como escutassem ou compreendessem…
Risco teu nome da minha cabeça, mas é no coração que não consigo apagar, abolir ou exterminá-lo para sempre…
Atrás do teu nome estás tu, tal e qual como eras quando te conheci e por inacreditável que pareça, até com a mesma idade…18 anos, é a idade que tens ainda para mim. Estás sem rugas, sem cabelos brancos e com aquele sorriso único que te era peculiar…
Estou contigo as vezes que quero…mesmo que não estejas junto a mim…
A culpa é minha, de te transportar cá dentro ao longo de todos estes anos…com a vantagem de não envelheceres neste espaço confidencial onde tudo se conserva e onde só eu posso ir…
Aqui os anos não passam por ti… apenas por mim…

Tila de Oliveira

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Uma mensagem á vida...


Não é a vida que passa por mim, a uma velocidade alucinante…sou eu por ela!
Para mim viver, é muito mais que sentir o coração bater!
Viver, é desvendar caminhos onde poucos pretendem ir…
È usufruir de tudo aquilo que a vida tem…
È errar, corrigir, ultrapassar e ganhar…
È sorrir e olhar o mundo olhos nos olhos…
Viver é ser de mim …e ás vezes tua!
Viver a vida é “enganá-la” também…
Desculpá-la sem vontade de o fazer…
È fazer dum nó da garganta um laço…
Segredar-lhe algo, o que deveria ser dito aos berros!
Viver, é “vestir e despir capas” adequada ás vicissitudes da vida…
Mesmo assim…adoro viver!
Mas odeio a capacidade e o poder que a vida tem… de poder roubar um dia a minha existência!
Não quero pensar nisso!!!
Porque a vida dá-me presentes…estar aqui!
Deixa-me ficar contigo muito tempo…Fica comigo…
Clareia o meu olhar, pinta o meu sorriso, ergue-me quando estou quase a desistir, empurra-me quando páro…abranda-me quando corro sem destino.
Conto contigo, para me ofereceres tudo isto…durante muito e muito tempo!

Tila de Oliveira




sábado, 19 de janeiro de 2008

Estou de parabéns...42 anos!


Estou de parabéns...42 anos

Escrever faz parte integrante do meu quotidiano e hoje sem duvida alguma, não poderia deixar passar ao lado este dia.
Faço hoje 42 anos…sim 42 anos! Sou “kota”, estou na tal “meia-idade” como se costuma dizer, tenho algumas rugas…e dai?! Sempre podemos concordar em discordar com estas e outras observações, não é?
Tenho 42 anos e algumas vivências para enumerar, outras para arquivar na minha memória! Estou de braços abertos para receber outros tantos, poderão não estar tão hirtos como quando tinha 20 anos, mas estes braços abarcam a mesma a vontade de enlaçar o mundo na minha existência.
À medida que a idade avança, perdemos algumas coisas e adquirimos outras…o quê? Perdemos a juventude, temos menos desculpas para errar, menos oportunidades…
Mas ganhamos experiência …é o que todos dizem, aqueles com idade mais avançada não é? E nesta idade posso fazer tudo o que me apetece, sem dar satisfações seja a quem for…porque tudo me fica bem e mal ao mesmo tempoJ
Com a idade, conquistamos rugas…aqueles traços enrugados que atormenta muita gente. Ganhamos flacidez e por mais cremes anti-rugas que possamos pôr…nada.
Mas, nos meus 42 anos não planeio muito meditar em rugas, porque estão manifestadas no meu corpo e nada há a fazer. Não pretendo matutar na minha juventude que o tempo levou, porque não volta. Não quero pensar muito nos enganos que cometi e que cometo …porque faz parte do ser humano, tenham a idade que tiverem.
Tenho 42 anos e olho para eles duma forma afectuosa…porque foram eles que me escoltaram até hoje…para quê renegá-los?! Pois foram quinze mil trezentos e trinta dias de vida…é impossível desprezá-los, ou ignorá-los...
Faço muitos balanços ao longo dos 365 dias, mas este é peculiar…é o meu dia. Não olho para o passado com nostalgia, mas sim com orgulho. Não quero “sondar” o futuro com inquietação, mas sim com impassibilidade! O presente? O presente é o agora que apressadamente se inverte para pretérito…
Tantas vezes revejo fotografias, como se quisesse voltar atrás…e consigo, porque elas contêm a magia de parar o mundo numa determinada época! Mas depois, temos de “devolver-nos” á vida e permanecer na era em que nos deparamos.
Por isso, quero sobrecarregar o olhar com o melhor que coexiste no meu íntimo e o menos bom que envolvo… pouco a pouco anseio esmorece-lo.
Muitas vezes cogito em silêncio, se a vida não pode ser como nós a queremos ver? Talvez sim…talvez não…
Na minha existência sempre optei por direcções que tivessem sentido, hoje mais que nunca procuro com veemência e lucidez caminhos sensatos para mim. Cada acção tem uma consequência, o que pretendo é que o somatório delas…seja de uma vantagem imensurável
Os meus erros foram ensinamentos de vida, as vitórias provieram de lutas incessantes!
Hoje faço 42 anos e uma das minhas certezas é que:
EU não fui o amor que escolhi para ficar em segundo lugar!!!
Tila de Oliveira (15-01-08)

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Um olhar sobre mim...


Um olhar sobre mim...
Abro a janela do meu ser e debruçando-me sobre ele observo um corpo de meia- idade que tenta libertar-se dele próprio.
Procuro ofegantemente a juventude que se afasta visivelmente a paços largos, escapando-se por entre os dedos como se tratasse da mais fina areia....
Apoio os braços no parapeito da minha mente e inclino-me....
Tento passar a pente fino todos os sentimentos que coabitam comigo á anos e que fazem parte integrante do meu ser.
Faço uma retrospectiva e compreendo a importância de reviver momentos....
Recordo e obtenho mais informação sobre a minha mudança. Tento abolir o que não interessa mas sem sucesso, pois mesmo tudo aquilo que é mau se torna importante, eles marcam um tempo, uma época... um momento que acabou por ficar, tornando-se impossível desmoronar até os mais tórridos desgostos ou lamentos...
Varro e limpo resíduos que foram ficando acumulados e entranhados em mim como se de objectos pessoais se tratassem... não, não os consigo destruir! Simplesmente absorvi!
Sem opção, abro uma torneira para agonizar toda a energia negativa que me invade desconsoladamente e energicamente esfrego o meu chão assentado num corpo de meia- idade! Quanto mais lavo mais clarificadas ficam as nódoas e feridas protagonizadas pela puta da vida!
È então aqui onde concluo que tive tendência ao longo da minha vida para repetir os mesmos comportamentos muitas vezes....
Consigo visualizar enumeras rotinas que podiam ser evitadas!
Somos ás vezes umas máquinas onde pouco a pouco perdemos as emoções, os sentimentos... e sofremos! Sofremos porque a vida é sempre igual, ou seja vivemos a querer mudar e ao mesmo tempo lutamos para que tudo continue como está!!!
.... Desço o corrimão do meu corpo e caminho para o degrau numero 38....
Cada degrau simboliza um ano que é constituído por histórias reais, derrotas ou vitórias e sensações! Percorro todas as divisões do meu corpo enlatado de vivências visivelmente abalada pela emoção...
Abro uma janela, outra... e outra! Aproxima-se um vento subtil que me toca e beija, enlaça-me num abraço que se torna familiar.... dei-lhe um nome: ESPERANÇA!
Esperança essa ladeada de força e encorajamento.
Nasce nova áurea em mim e sem temer ouso descer ao degrau numero 20... 20 ANOS!
Sento-me e mastigo por uns segundos esses anos inconsequentes, loucos e gloriosos!
Sinto na boca o sabor a saudade e revitalizo-o pela minha capacidade de visualizar uma data, uma época! Sinto que fiz uma viagem, mas que é incompleta e irreal!
Retorno ao degrau numero 38... este é o meu tempo real!!!
Desenho nesse lugar o meu ano e rasuro os meus desejos, cravo um beijo quente num degrau frio e rugoso mas que inevitavelmente me pertence!
Levanto-me... fecho as janelas, abro a porta e saio sem olhar para trás, acompanhada de um sorriso no rosto! Porquê? Porque aquele vento subtil que me beijou na face, sussurrou-me ao ouvido que a idade só existe no tempo...
Deito fora a chave, acreditando que daqui a 12 meses nos meus 39 anos essa chave continue á minha espera, para sobre mim lançar um novo olhar... neste corpo de meia- idade... mas que é meu!

Tila de Oliveira

15-01-2004

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Há dias assim...


Há dias assim…

Há dias em que o desejo e a lembrança se acasalam para porem a conversa em dia! Nessas alturas sinto nas veias um corrimento ardente que dilata todos os poros…
Sinto o teu cheiro em toda a casa, mas é na minha cama que a tua ausência se faz sentir… e é em mim que tudo estremece com querença de te ter aqui…
Ficas comigo em pensamento e a lembrança vai-te buscar carregada de fantasias …onde um dia as concretizamos…
Sinto a tua falta, tantas vezes…
És um livro inacabado, mas perfeito até ao momento onde ficámos…tu foste aquele onde tudo subsistiu enquanto estávamos os dois…
Há dias assim…porque a lembrança te vai buscar e o desejo vem também…



Tila de Oliveira
8-9-07

domingo, 6 de janeiro de 2008

Cubiculo de emoções...


Cubículo de emoções…
Pássaros trancados com sonhos congelados, esperando saltar muros sem fim…
Hoje os teus sonhos expiraram, principiando os teus pesadelos, medos, arrependimentos atrasados…vinculados de ódio!
A partir de hoje, a tua vida tem outro sentido… que é nenhum! Ela vai ter outro propósito, propósito esse, que é estar enclausurado numa cela imunda, com parceiros desconhecidos, mas que daqui a algum tempo…serão os teus unicos amigos vinte e quatro horas dia.
Jogaste forte e perdeste tudo, mas... ganhaste uma coisa no meio disso tudo! Adquiriste um recinto fechado, com pessoas “esquisitas”… deves estar a pensar que esse lugar não é para ti, que tiveste azar! Não! Não, esse local é para ti, foste tu que o procuras-te e não tiveste azar…acredita! Mais cedo ou mais tarde irias parar ai…ao teu lugar.
Ultrapassaste os limites legais, pisaste o risco e agora os teus dias vão ser longos, tristes, atrofiados e sempre idênticos…
Arrependido?! Claro, mas agora não adianta pensar nisso, estás a pagar o preço justo!
A partir de hoje vais passar os dias a cogitar: "o que estaria a fazer se estivesse lá fora"! Mas não imagines…eu lembro-te! Estarias a “matar”vagarosamente pessoas, com um produto que te “matou” a ti também…
Tu és o testemunho que a droga não presta!
Agora vais ver um mundo distinto! Vais ver o sol aos quadradinhos como se fosse uma banda desenhada e com legendas escritas por ti.
Nunca olhaste o Sol? Vais ter tempo para o contemplares, acredita! Simpatizas com a lua? Gostas? Óptimo, vais ter vagar para gostares ainda mais, porque ela vai ser a tua confidente nas noites que o sono teima em não chegar.
As grades vão ser o teu melhor abraço, mas frio…e imóvel!
Pássaro trancado, sem asas para voar…é o que és neste momento!
Tinhas um mundo ilimitado e infinito…agora é limitado e sem pressas. Vais acordar e desejar dormir novamente, sonhando com o dia da tua liberdade! Mas, não penses assim…porque vais chorar muito e sofrer e ainda mais! Ai dentro sofres tu e quem está cá fora…aqueles que te amam, lembraste? Mas que nunca deste ouvidos… que te esquecias frequentemente no teu diaa dia.
A cadeia existe para seres humanos inconscientes…tal como tu. Estás no lugar certo!
A droga deu-te a conhecer muitas coisas, entre elas o prazer de estares numa cela…nunca irás esquecer esse presente! A droga também te ofertou a degradação dos estados que as pessoas chegam, o “lixo” que as alimenta, o sofrimento que causa, a dor que provoca! Nunca te vais esquecer do primeiro charro que fumaste e nunca te vais querer lembrar do dia em que passaste para as drogas mais pesadas! Pensa nisso! A tua “onda” é um fracasso…um insucesso alicerçado em ilusões. O teu maior e melhor "cheiro" a partir de hoje, é uma "linha" que tu próprio renegas...
Agora só tens uma coisa a fazer! Fazer da tua cela a tua casa, dos teus companheiros a tua família… e da tua única janela vais visualizar um mundo carregado de euforia, alegria…e tu com raiva de nós…
És um homem enjaulado, um predador fraquejado com olhos vidrados e fixos num ponto pouco definido…
Pensamento invadido de recordações, outrora esquecidas e nunca pensadas…
Passado eminente e presente conturbado com pessoas que não te dizem absolutamente nada de nada! Na tua cabeça existe apenas um vazio que teima em não ser preenchido! Não tens vontade e nem te apetece ocupar essa tua cabeça oca…porque nem isso consegues. Apetece-te levantar, mas as forças atraiçoam-te, olhar cabisbaixo penetrando-se e fixando-se num ponto que não tem sentido nem utilidade…tal como a tua vida neste momento…
Tentas ocultar o teu estado de espírito, mas olhas em redor e nada do que vês te consegue apagar a angustia que mora dentro de ti. Há, tens medo de olhares ao espelho? Claro, porque no teu rosto está estampado a amargura que te vai na alma.
Languidamente procuras enganar o teu cérebro e pensas em coisas boas…mas trazem-te ainda mais mágoa…não é?
Sentes raiva de ti, nojo do que te rodeia, repugnância desse lugar…e tens saudades do que está cá fora.
Tentas idealizar sonhos assentados na ressaca do teu choro calado…
Cubículo de emoções é o nome que posso dar a esse lugar vazio! A ti…a ti vou chamar-te pássaro ferido…ferido e alvejado num peito ensanguentado de arrependimentos e sem colete á prova de dor…
No teu cubículo de emoções vais caminhar passos repisados, pois não vais ter espaço para mais…vais pôr na parede fotografias e frases de pessoas que gostas, como que tivesses medo que elas se esquecessem de ti! Quem te ama não te esquece…podes ter a certeza! Elas vão estar sempre contigo, mesmo sabendo que erraste e acima de tudo, mesmo sabendo que cá fora… te esqueceste delas!
A tua maior dor, vai ser a falta de carinho, a ausência de um abraço e de um beijo terno e doce…
Vais pensar em tanta coisa que não pensavas!!! Vais rezar se calhar…ter aquelas conversas com Deus!!! Sim conversas, porque tu nem rezar sabes e até ao momento deves considerar que Deus foi injusto contigo!
No teu cubículo de emoções imagina só isto: tens ai dentro uma pessoa muito especial…tu! Erraste e estás a pagar por isso, não deixas de ser boa pessoa por estares nessa “aldeia”…acredita que cá fora permanecem pessoas muito inferiores a algumas que coabitam contigo.
Embora ferido, sem asas, debilitado e sem forças…pássaro ferido num cubículo de emoções…levanta-te e voa!!! Não tenhas vergonha do teu presente que vai passar a passado…pensa no teu futuro. Tudo isto é uma lição para ti… essa tua “professora” de vida é bastante dura…tira partido dela e não repitas os mesmos erros… nunca mais.
Um beijo da tua amiga

(a um amigo ex recluso)
Tila de oliveira 2001