terça-feira, 8 de abril de 2008

A vida é um puzzle inacabado


Pronunciar-me em relação á morte é um assunto que me inquieta! Vejo-a vestida de negro, com uma força indeterminada! Vem em silencio e sabe quem vem buscar…não olha para trás, não chora nem ri…é gélida, sombria e cruel…
Nascemos! Iniciamos a vida, a construir peça a peça um puzzle, mas nunca o concluímos, fica sempre inacabado.
Quando a morte vem, dizem que por segundos vemos essas peças cair uma a uma diante dos nossos olhos como se fosse um filme, é o instante em que nos preparamos para desocupar este mundo …quem por lá passou e voltou diz que é um momento de paz, não se apercebe do” lá e do cá “!
Acredito que para além das muralhas deste mundo, exista um paraíso… o tal lugar ideal…mas a transição, será sempre um trajecto desconhecido.
Temos poucas certezas, mas a convicção que todos temos uma hora certa para ir…temos! Uns mais cedo que outros…mas vamos.
A vida é um puzzle inacabado…
Quando alguém que gostamos falece, fica sempre uma mágoa, um lugar que nunca vai ser ocupado. Escrituramos no pensamento todas as coisas que não dissemos nem fizemos e é este arrependimento sem retorno, que por uns tempos se converte em revolta…e mais tarde numa aceitação pela metade.
Morrer é triste para quem está ciente da sua viagem sem volta e para quem fica …a inaptidão de não poder mudar o destino.
Para quem já assistiu á morte de alguém, por segundos apercebemo-nos do instante em que os desprendimentos deste mundo para o outro se dá…as nossas vozes calam-se e os sentimentos ficam sintonizados …os olhos cruzam-se com os deles como que autorizássemos essa passagem em paz…e acompanhados por nós.
Sentimos uma calmaria vinda dos olhos deles e talvez um brilhozinho…não sei se de tristeza, calmaria ou concordância …e ouvimos um suspiro que marca o fim da sua jornada.
Os olhos fecham-se, porque já nada vêem…e num outro lado iniciam uma nova vida para os que vimos partir…mas sem nós.
O silêncio é o único som que se ouve…
Reza-se ou falasse com Deus, vêem os “porquês” sem resposta, e mesmo que houvesse nenhuma seria válida ou aceitável…é a revolta e a constatação que somos insignificantes perante o poder de quem criou o mundo.
Mas, acredito que no outro lado deste céu azul esteja o tal mundo perfeito e ideal…se assim não fosse, a vida não teria sentido…
Só ai o puzzle poderá talvez ser concluído…