domingo, 21 de junho de 2009

Velhos...


Velhos…

Quem são e de que são feitos?
Chamamos velhos, àqueles que criaram filhos e muitos com poucas possibilidades, aos que cuidaram dos netos para amenizar um pouco a vida dos pais destes. Designamos de velhos, àqueles que a vida foi madrasta, mas que, mesmo assim transmitiram aos descendentes normas de conduta exemplares.
Os velhos, são esses indivíduos que deambulam no mesmo planeta que nós! Trazem consigo olhares vagos, histórias singulares e autênticas. Muitos, nem sabem a idade…porque a memória os traiu! Mas o caminho que percorreram deve ficar na lembrança daqueles que os viram envelhecer.
Aos nossos velhos incumbe-nos dar-lhes atenção e respeito, a experiência deles não vem em enciclopédias, a maneira incomparável de amarem não se aprende nas escolas. Mas infelizmente, muitos seres têm a arte de os desprezar e observá-los com olhos invisíveis.
Quantos velhos se aperceberam que estavam vivos próximo do desfecho das suas vidas? A muitos, a vida não lhes deu tempo para usufruírem da infância, a outros ocultaram-lhes a passagem pela adolescência. Muitos aperceberam-se da velhice, no instante em que as suas mãos deslizavam num semblante rugoso…
Cada ruga soma uma batalha ou um sofrimento acrescido do habitual. Estes seres com décadas em cima, vemo-los muitas vezes nos bancos de jardim em monólogos constantes. Esperam um sorriso, um olhar compassivo ou um aceno mesmo que envergonhado. Devemos-lhes mais que aquilo que concedemos.
Carregam na alma humildade desmedida, transportam nas palavras melodias aprazíveis aos nossos ouvidos, suportam no olhar uma vida sem limites e despido de vontades próprias. E as mãos…as mãos ainda que trémulas, conseguem demolir com gestos subtis a mágoa que sentem ao ouvir chamar-lhes …de velhos.
Valorizá-los é uma sentença que lhes assiste, faze-los sentir indispensáveis é uma de muitas formas de evidenciar o nosso gostar ilimitado e sem tamanho. Estes “semideuses” amam e nada mendigam em troca.
De que são feitas estas pessoas?!
A idade deles, é brutalmente punida por muitos indivíduos que vasculham enciclopédias e estudam em escolas. Muitos ignoram a essência destes seres sublimes. A terceira idade não tem de ser olhada com compaixão, mas sim presenteada com o sentimento mais nobre que existe… gratidão. Eles são protagonistas de vivências notáveis e omitir a existência deles, é abolir um pouco a nossa história. As mãos que ajudaram a darmos os primeiros passos existem, e no meio de tanta fragilidade ainda estão aptas para nos amparar. Os olhos que nos seguiam atentamente, assim como o corpo que nos protegeu nestes anos todos, subsistem com a mesma intensidade.
Não seria mais correcto chamar a estes velhos de heróis?!
Heróis por terem sobrevivido a tantas vicissitudes da vida, por terem que lutar pelos outros esquecendo-se deles próprios!?
A isto eu denomino de heróis. Os nossos …heróis.
A eles deixo esta mensagem: “Não deixem que ninguém vos humilhe sem a vossa autorização”.
Aos que rejeitam estas pessoas, relembro este pensamento: “As mãos dos velhos nunca vão ser como as nossas…mas as nossas, um dia vão ser como as deles”!
Pensem nisto.

Tila de Oliveira