terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Bancos de jardim...


Em cada jardim quantos velhinhos descobrimos nos bancos desses jardins? Talvez nenhum...porque não os vemos...ou se os vemos, passamos e olhamos para eles duma forma como se o assento estivesse sozinho... Os bancos são a companhia fria e calada de muitos velhos que por lá passam...mas provavelmente eles sabem mais que nós...talvez saibam os grandes homens e mulheres que foram um dia e que ainda são, apenas a idade os atingiu, assim como a nós um dia irá tocar. Esses bancos sem voz e sentimentos, acolhe-os tantos dias e noites...tantas vezes são a cama que lhes falta diariamente, a mesa sem ser posta...com um pão dum outro dia qualquer. Esses bancos cegos, mudos e surdos possivelmente têm sentimentos...senão porque ficariam gastos, sem cor e a “gemerem” quando deixam de ser cama e mesa de algum velhinho que abrigaram... “Velho sentado no banco dum jardim”...é uma musica da Mafalda Veiga, que talvez toda a gente deveria ouvir... Um dia quando tinha vinte e tal anos uma pessoa de idade avançada, pegou-me nas mãos e disse: as minhas mãos nunca mais irão ser como as tuas, mas as tuas irão um dia ser como as minhas! Hoje... digo isso a muita gente...mesmo nos meus 42 anos! “A velhice é a preparação para a morte”, alguém o disse...então porque não dar mais tempo e atenção a essas pessoas que passeiam lentamente para um caminho sem retorno? Eles querem travar esse tal atalho para a morte… Ser velho e assim tão desprezível? Quantas histórias terão para contar e quantas temos nós? Somos vazios enquanto que eles não, estão cheios de existências,...o que têm de vazio é apenas o olhar, porque...passamos por eles diariamente e nem lhes ligamos... Muita gente tem receio da velhice ou de olhar para os tais velhos que andam por ai a deambular no mundo, talvez porque a idade os atormente, talvez porque associem velhice a isolamento, será? Velhice não significa isso, desde que todos os dias haja um sorriso, um carinho, um abraço, uma palavra para eles...ate um pessoa de 20 anos tem necessidade de afecto, amor e ternura, senão também sofre essa coisa de...solidão! No Natal apela-se ao bom senso de toda a população, para apoiar tanta instituição...mas penso que é no Natal que muita gente sente mais dor, penso que ai sentem mais o tal desamparo, porque? Porque o ano tem 364 ou 365 dias e só nas épocas Natalícias evocam para se fazer tanta coisa e nos outros dias não...claro que os sentimentos indignam-se, assim como de tantas crianças abandonadas, doentes, sem abrigo... tanta gente! Revoltam-se e criam um conflito interior...porque todos os dias...poderiam sorrir, como nós sorrimos... A velhice trás rugas, cansaço, pouca visão, doenças...! Ou seja, as pessoas envelhecem...mas a sensibilidade não! Devemos pensar nisto... Cada vez que passares por um velhinho num banco dum jardim...sorri-lhe, e se puderes investe cinco minutos a falar e ouvi-lo...vais ver que no rosto ira aparecer muitas mais rugas...mas de sorrir!!! Se anexares o teu sorriso ao dele, ficara uma tela linda...e o teu dia, assim como o do velhinho, ira clarear e correr muito melhor...acredita. Pensa que um dia, daqui a muitos anos, o teu desejo poderá ser...Um sorriso igual ao k deste hoje...porque poderás estar também sentada ou sentado num banco de jardim... A velhice e apenas mais uma etapa, onde eles chegaram...enquanto que nós...não sabemos. A todos os velhinhos um beijo ...Tila de oliveira

Apetece-me não me apetecer...


Hoje é daqueles dias que sinto carência do nada…
Que concebo um contentamento contagiante sem sorriso
Sinto um desejo que não me apetece consolidar!
Apetece-me viver o dia de ontem, ter hoje o que vou ter amanhã…
Apetece-me correr caminhando
Falar sem abrir a boca…
Pretendo mandar-te um postal sem ele sair daqui
Escrevê-lo com um lápis incolor…
Estou energeticamente feliz imóvel
A saborear o meu cigarro apagado…
Observar o mundo de olhos bem cerrados…
É a antítese em cima dela própria!!!
Eu sei…mas não quero saber…
Apetece-me…unicamente.

Os anos não passam por ti...


Pressinto o teu cheiro em muita coisa onde toco, ainda sinto o passar da tua mão em cima da minha!!!
Rapidamente tento atraiçoar o pensamento, fujo ultrapassando as lembranças e curvo em lugares errados…para iludir o que está preso a mim…puro engano, eu sei!
Quantas vezes quis encontrar-te? Tantas quantas as que quis esquecer-te…
O pensamento vai onde não queremos que vá, em minutos emerge onde em dias não conseguimos nos aproximar em presença.
Depois vem a saudade, essa palavra espessa de tanto sentimento, mas que não conseguimos decifrá-la…nem com palavras, nem com gestos…só e apenas com um olhar vazio, embaciado, longínquo…é isto a saudade!
Procuro-te em sítios errados, em horas que não têm nada a ver com as tuas, em cidades onde nunca foste…mas, por sarcasmo do destino, encontro-te sempre! Descubro-te em objectos que toco, lugares paradisíacos, em palavras que nunca te direi, mas que estão feitas em frases dentro de mim há anos…
Soletro baixinho o teu nome e toda a natureza se inclina para mim, como escutassem ou compreendessem…
Risco teu nome da minha cabeça, mas é no coração que não consigo apagar, abolir ou exterminá-lo para sempre…
Atrás do teu nome estás tu, tal e qual como eras quando te conheci e por inacreditável que pareça, até com a mesma idade…18 anos, é a idade que tens ainda para mim. Estás sem rugas, sem cabelos brancos e com aquele sorriso único que te era peculiar…
Estou contigo as vezes que quero…mesmo que não estejas junto a mim…
A culpa é minha, de te transportar cá dentro ao longo de todos estes anos…com a vantagem de não envelheceres neste espaço confidencial onde tudo se conserva e onde só eu posso ir…
Aqui os anos não passam por ti… apenas por mim…

Tila de Oliveira